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Indígena apresenta dissertação sobre o povo Gavião Kyikatêjê na próxima quarta-feira (29)

  • Publicado: Quinta, 23 de Dezembro de 2021, 18h02
  • Última atualização em Quarta, 29 de Dezembro de 2021, 10h43
  • Acessos: 2518

Estudante indígena da Unifesspa, Concita Guaxipiguara Sompré, defende dissertação de mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Dinâmicas Territoriais e Sociedade na Amazônia (PDTSA), na próxima quarta-feira (29), às 15h, pela plataforma do Google Meet. A dissertação traz a temática “Oralidade, Artes “marginais”, Teorias da Comunicação, Cultura Indígena, Impacto”, orientado pelo professor Iran de Moura Possas.

Concita 1A mestranda conta que, trazer voz sobre a perspectiva indígena sobre como os impactos que algumas empresas trazem ao território indígena e a mudança social na vida do povo Gavião, a motivou a fazer a seleção de mestrado do PDTSA, pela Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa). “Tenho uma luta no movimento indígena muito atuante, e sempre participei como membra da comunidade nas rodadas de negociações junto as empresas que impactaram e impactam este território. Muitos já pesquisaram sobre o povo Gavião, achei que estava na hora de falar, só que como moradora do lugar e participante da pesquisa, a partir do olhar de dentro, dar voz sobre a perspectiva indígena sobre como foram esses impactos e o que representa todas as essas mudanças no social da vida gavião”, relatou.

Para Concita o estudo pode ajudar na desconstrução do preconceito – que por muito tempo teve o estereótipo de que o povo Gavião é composto por índios ricos e índios brabos – que com resistência e força motora os impulsionaram a continuar a viver, apesar de considerados por alguns pesquisadores à beira da extinção, na década de 60. Assim superaram as expectativas, chegando atualmente a mais de 1000 pessoas.

Concita Guaxipiguara Sompré

A pesquisadora é da etnia Xerente, porém mora com o povo Gavião Kyikatêjê desde os oito anos de idade. A aldeia que ela reside fica na terra Indígena Mãe Maria, no Município de Bom Jesus do Tocantins. Concita Sompré formou em 2012, em Administração de Empresas pela AIEC – Brasília. Em 2016 formou em Licenciatura Intercultural Indígena- Linguagem e Arte, pela UEPA. Em 2018 concluiu a especialização em Docência de Educação Escolar Indígena, pela UEPA.  

Sobre o estudo

A pesquisa pretende abordar as mudanças ocorridas ao longo dos anos na vida dos grupos locais autodenominados Kỳikatêjê, Akrãtikatêjê e Pàrkatêjê, desde o tempo em que fugiam do contato com o Kupẽ, através das narrativas de alguns representantes dos três povos, misturados nas dezenove aldeias da TIMM, no município de Bom Jesus. A Terra indígena cortada pela rodovia BR-222; a Estrada de Ferro Carajás (EFC), as linhas de transmissão da Eletronorte e a rede de transmissão de energia da Equatorial Energia. Concita 2

As problemáticas abordadas neste estudo estão em torno da relação entre indígenas e as empresas minerais, energéticas e viárias nos conflitos, consensos possíveis, imposições, expectativas dos indígenas, abarcando a discussão de como a política mineral, energética e viária no Brasil vem sendo danosa às populações tradicionais, em particular aos povos indígenas, exemplificado através do caso dos Gavião de Mãe Maria.

A proposta da pesquisa é “escutar os representantes dos três Grupos da TIMM sobre estes conflitos de interesse que colocam, de um lado, a sanha pelo lucro das empresas e, de outro, a cultura, a tradição e a proteção do território, fazendo uma crítica com um olhar de dentro, mas com leituras do mundo acadêmico ocidental”, é o que descreve a dissertação da estudante.

De acordo com a pesquisadora, com o estudo foi possível “identificar que a vida do povo gavião, estar num território finido, e pensar futuro para uma população crescente só é possível, se houver a vontade de buscar conhecer a partir das memórias e das falas aonde esta o ser gavião, que tem  a ligação com o passado, o presente, para projetar o futuro dos que ainda vão nascer, que lhes permita transitar entre esses dois mundos: kupe (branco) e indígena, sem perder a ligação com a sua cultura, com os valores gavião”, relata.

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