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Parent In Science: pesquisadoras falam sobre os desafios e os impactos da maternidade na carreira científica

  • Publicado: Segunda, 08 de Fevereiro de 2021, 16h07
  • Última atualização em Sexta, 12 de Fevereiro de 2021, 12h27
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jussara mestranda“É muito desafiador ser mãe, ser profissional e além de tudo ser pesquisadora”. É assim que a biomédica Jussara Nascimento descreve sua intensa rotina diária. Ela faz parte do grupo de cientistas mulheres que têm que lidar com a complexa tarefa de conciliar a maternidade, uma pós-graduação, além da carreira profissional.

Mestranda da primeira turma do Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática (PPGECM) da Unifesspa, Jussara ficou grávida logo no começo do curso. Dividindo-se entre a jornada de horas de estudos, pesquisas, seminários, trabalhos, a gestação e o nascimento da pequena Aurora, a jovem cientista não desanimou diante de tamanho desafio.  

Ela conta que, antes da pandemia, quando tinha aulas presenciais, a filha recém-nascida a acompanhava. Para ela, foi muito importante, nessa fase, ter uma rede de apoio. “Felizmente, sempre tive a compreensão dos professores e colegas, além do apoio de pessoas que me ajudavam, por exemplo, na hora da amamentação. Isso me ajudou a permanecer no curso”, afirma.

Em 2020, atuando na linha de frente no combate à pandemia de Covid-19, Jussara novamente sentiu o impacto e as dificuldades para continuar sua pesquisa e concluir o curso de mestrado. Entrou para as estatísticas sobre como a produtividade acadêmica pode ser afetada, dependendo da posição de gênero ou da escolha pela maternidade/paternidade.

Um estudo realizado entre os meses de maio e abril do ano passado, pelo projeto Parent In Sciene (Mãe/Pai na Ciência), com participação de cerca de 10 mil alunos de pós-graduação do país, demonstrou que, entre as alunas que são mães, menos de 10% estavam conseguindo seguir com suas dissertações e teses naquele momento.

De outro lado, 35% dos entrevistados declarados homens ou mulheres sem filhos, relataram conseguir seguir normalmente suas rotinas de pesquisa. “Trabalho todos os dias e, às vezes, também faço plantões aos finais de semana. Minha filha ainda é muito pequena e requer muitos cuidados. Sem dúvidas, a maternidade é a parte mais desafiadora das atividades que exerço”, confessa a biomédica.

As mulheres ainda estão subrepresentadas na ciência. Em todo o mundo, estima-se que elas representem apenas 28,8% da população de cientistas. Um fator determinante da sub-representação das mulheres na ciência é o impacto da maternidade na carreira acadêmica.

Parent in Science - Considerando as desigualdades na trajetória profissional entre homens e mulheres, assim como na divisão da parentalidade, tem se tornado cada vez mais frequente movimentos que pesquisam e discutem os impactos da maternidade na carreira científica das mulheres. Grupos de discussão/trabalho (GTs) em universidades têm liderado importantes debates e iniciativas nesse sentido.

embaixadoras norteCriado 2017, o Parent in Science é exemplo dessas iniciativas. Formada por uma rede de cientistas mães (e um pai!), o projeto promove discussões, pesquisas e avaliação das consequências da maternidade e paternidade na carreira científica de mulheres e homens, em diferentes etapas da vida acadêmica. Conheça mais sobre o projeto clicando aqui

Seus membros embaixadores estão engajados em promover e discutir políticas públicas que possam diminuir os impactos dessa complexa relação. Na Unifesspa, a professora Dra. Ana Cristina Campos, da Faculdade de Saúde Coletiva, integra o projeto, sendo uma seis das embaixadoras do Parent in Science na região Norte.

“Nosso objetivo é desenvolver projetos e propor políticas institucionais para valorizar e dar apoio aos pais cientistas que têm de conciliar filhos, trabalho e ciência”, afirma a mãe, professora e cientista, Ana Cristina. Atualmente, ela desenvolve um projeto de pesquisa para conhecer e reunir todas as servidoras mães da Unifesspa.

Rede de apoio - Recentemente, o Parent in Science abriu inscrições para o programa “Amanhã”, que visa dar auxílio financeiro para cientistas mães que estão no final dos seus cursos de mestrado ou doutorado. As inscrições vão até dia 19/02. O programa é mantido por meio de doações e quem deseja apoiar financeiramente essa iniciativa, pode saber mais aqui.

O valor do auxílio está previsto entre R$400 e 800 mensais, por até nove meses (de abril a dezembro de 2021), mas dependerá da campanha de arrecadação, que vai até 28 de fevereiro de 2021. Para contribuir, é possível doar qualquer valor através da Vakinha on-line ou de transferência Pix para Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

É nessa rede de apoio que cientistas mulheres se fortalecem, superando os mais diversos obstáculos e as multitarefas cotidianas, em que maternidade não precisa significar a exclusão de outros sonhos. “O que me motivou a continuar foi justamente minha filha. Foi pensar que tem uma criança que, futuramente, me verá como exemplo de mulher forte e persistente, como eu quero que ela seja no futuro”, afirma a biomédica Jussara.

maternidade cienciaAções - Inspirada na própria experiência de maternidade e nas dificuldades de conciliação com a rotina de produção científica, a professora Ana Cristina resolveu estudar o tema e levantar informações para que seja possível construir propostas para o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da Unifesspa, que visem a participação em pesquisa e produtividade científica das mães cientistas da Instituição.

O projeto “Maternidade na Ciência” ocorre com aplicação de questionários sobre dados maternos e de produção científica das mulheres. Segundo a pesquisadora, todas as respostas são anônimas e não haverá identificação das participantes em nenhuma publicação resultante desta iniciativa.

“A participação de todas é bem-vinda e necessária, pois acredito que esta é uma ação pioneira que só será útil se houver a participação das mães pesquisadoras da nossa região”, afirma. O questionário está disponível aqui.

A pesquisa é desenvolvida no âmbito do Laboratório e Observatório em Vigilância & Epidemiologia Social (LOVES), coordenado pela prof. Ana Cristina, sendo vinculado ao Instituto de Estudos em Saúde e Biológicas (IESB) da Unifesspa. Para conhecer mais sobre o laboratório, acesse: https://loves.unifesspa.edu.br/ 

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